Transtornos

Temporal causa estragos em diversos municípios da Zona Sul

Destelhamento de casas, tombamento de árvores e postes, assim como falta de energia elétrica foram os principais transtornos

Foto: Jô Folha - DP - Vento causou vários estragos nos Municípios

Por Victoria Fonseca e Helena Schuster

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Com rajadas de ventos que não chegaram a superar os cem quilômetros por hora em algumas regiões, o temporal da madrugada desta quinta-feira (21) causou um cenário de caos e destruição em grande parte da Zona Sul. Em Rio Grande, um dos municípios com a situação mais crítica, a Defesa Civil calculou mais de cem postes tombados e 60 árvores caídas, assim como 30 casas destelhadas. Já em Pelotas, três famílias ficaram desalojadas e 26 residências foram atingidas. As aulas foram canceladas em 54 escolas municipais, sendo 35 danificadas. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido em alguns bairros durante todo o dia.

Diante dos efeitos decorrentes do vendaval ocorrido por volta de 02h30min, o atendimento foi interrompido em 15 unidades básicas de saúde (UBS) e o transporte coletivo na zona rural foi paralisado em algumas linhas. Na zona urbana, dez ruas foram obstruídas em razão da queda de árvores. Além disso, devido à falta de energia - que somente na região sul afetava cerca de 130 mil clientes da área de concessão da CEEE-Equatorial - parte dos serviços das estações de tratamento e distribuição do Sanep foram paralisados. A falta de água atingiu diversos bairros como Areal, Centro, Fragata, Sítio Floresta, Sanga Funda, Pestano, Getúlio Vargas, entre outros. 

Cenário

Fragata - Na manhã de quinta-feira, em Pelotas, os transtornos dos efeitos do temporal eram sentidos na pele por moradores de muitas localidades. No bairro Fragata, na rua Carlos Gotuzzo Giacoboni e seus arredores, postes caídos passaram a fazer parte do cenário pós vendaval. As equipes da CEEE Equatorial já estavam lá no início do dia, mas o restabelecimento do serviço ainda não havia acontecido. Em uma das travessas dessa mesma via, a moradora Lena Henzer, 56, conta que a falta de luz é prejudicial principalmente para a mãe, idosa de 73 anos, que precisa de nebulização. “Ela entrou em desespero [com o temporal], ficou com falta de ar e não conseguimos fazer a nebulização”, lamenta.

Na casa da vizinha, Serena Costiel, 30, o prejuízo foi além da falta de energia elétrica. Durante o temporal, parte do telhado da casa foi levado pelo vento. “Foi muito rápido. Foi só o tempo de tirar o meu filho do quarto e as televisões”, conta. Sem parte do telhado, a chuva foi responsável pelo resto dos estragos. “A escada parecia uma cachoeira. Minha casa está virada de cabeça para baixo. Os móveis estragaram todos”. Familiares vieram de Canguçu para ajudar no início dos reparos no telhado. “Lá [em Canguçu] não tinha luz, água, nada. Na estrada estava horrível, tinha árvores caídas, trânsito muito devagar”, acrescenta Janete Borges, 51. Apesar dos danos na casa de Serena, o alívio é pela segurança dela, do marido e do filho, de oito anos. “O resto a gente corre atrás. A gente fica chateado, mas faz parte. O principal é a vida da gente”, finaliza.

Três Vendas - No Câmpus Visconde da Graça (CaVG) do IFSul, dezenas de árvores caídas obstruíram o acesso principal à instituição. No resto do terreno, mais árvores derrubadas pelo temporal compõem o cenário. Uma das maiores plantas chama a atenção caída bem ao lado de um prédio da administração. Na manhã de ontem, a instituição estava sem luz, apenas com a energia de um gerador. O diretor, Marcos Betemps, decidiu cancelar as atividades até hoje. "Essa árvore caída só poderia cair nesse lugar, porque poderia ter sido em cima desse prédio. Não tivemos grandes estragos em prédios, mas muita queda de árvores. Felizmente ninguém se machucou", explicou.

Já na avenida 25 de Julho, no bairro Três Vendas, o susto foi grande para os moradores e funcionários do Condomínio Terra Nova, que teve parte da torre de entrada derrubada pela ventania. "Era a equipe do turno da noite que estava aqui. Eles se esconderam como puderam, foi um baita susto", disse um dos vigilantes. Apesar do grande estrago material, ninguém se feriu.

Porto - Na região portuária, no final da tarde, ainda eram várias as residências sem eletricidade. Uma das moradoras, Maria da Graça relata que o abastecimento foi interrompido durante o temporal, às 3h. “Está terrível, acho que vou perder tudo que tem no freezer”, diz. Conforme a mulher, muitos moradores entraram em contato com a CEEE Equatorial, mas não obtiveram nenhuma previsão de retorno da luz. “Acho que o porto inteiro [entrou em contato] e eles só dizem que não tem previsão. Qualquer chuvinha a luz vai embora, a última que veio a gente ficou 16 horas sem luz e agora pelo jeito caminhamos para 24 [horas]”. 

Na Zona Sul

Durante todo o dia de ontem, equipes da Defesa Civil trabalharam para diminuir os estragos e auxiliar as pessoas afetadas nos municípios da Zona Sul. De acordo com o coordenador geral do órgão, Marcio Facin, os estragos foram significativos em muitas cidades, atingindo um número considerável de moradores. “Uma situação de muito trabalho para o restabelecimento dos serviços e buscando incansavelmente a normalidade da situação. Agora é uma questão de paciência e cuidado de todas as comunidades, sobretudo em relação aos postes”, declara. 

Em Rio Grande

Conforme as últimas atualizações da Defesa Civil de Rio Grande, até o final da tarde de ontem foram contabilizados mais de cem postes caídos, cerca de 60 árvores tombadas e 30 casas destelhadas. “Caiu uma árvore em cima de um carro, muitos fios foram arrebentados por causa das descargas elétricas e ventos fortes”, relata o ordenador do órgão no Município, Rudimar Machado. Na cidade portuária, os ventos chegaram a 137 quilômetros por hora e 55 milímetros de chuva foram registrados. 

Ainda conforme Machado, todos os bairros foram afetados de alguma forma, mas a localidade do Jardim do Sol foi uma das que mais teve árvores atingidas, postes e galhos nas vias. Até a última atualização, no início da noite de quinta-feira, mais de 68 mil moradores estavam sem energia. 

Os trabalhos da Prefeitura e das equipes da Defesa Civil seguiram ainda durante o dia de hoje para restaurar a normalidade na cidade. 

Cerrito

Outro município entre os mais afetados é Cerrito, onde cerca de 250 residências foram destelhadas ou afetadas estruturalmente. A Defesa Civil distribuiu lonas para amenizar os estragos e a Prefeitura está trabalhando para disponibilizar telhas à população atingida. A localidade mais afetada foi a Vila Freire e Alto Alegre. Além disso, duas escolas municipais estão interditadas e foi registrada a queda de toda a estrutura de um ginásio municipal. Um homem de 45 anos também acabou se ferindo devido ao temporal quando a estrutura da sua casa foi abalada e parte desabou. Ele foi encaminhado ao Pronto Socorro de Pelotas.

Santa Vitória do Palmar

Desde a madrugada de ontem a cidade sofre com alagamentos, que diante da interrupção das chuvas têm diminuído gradativamente. No Município, há três famílias desabrigadas, que foram hospedadas em um hotel pela Prefeitura. Também ocorreram quedas de árvores e registro de elevação no nível das águas na localidade denominada Vila América, afetando 12 residências. Os moradores foram retirados de suas casas e alocados em casas de familiares, sendo, portanto, considerados como desalojados. 

São Lourenço do Sul 

Na Pérola da Lagoa, as fortes rajadas de vento e chuva destelharam mais de 20 residências, além de ter ocasionado quedas de árvores. A Defesa Civil local atendeu as comunidades afetadas durante o dia, entregando lonas e os levantamentos de estragos ainda estão sendo efetuados. A cidade também enfrenta ausência de energia elétrica e sinal de telefonia em boa parte do território.

Restabelecimento de energia 

Questionada pela reportagem, a CEEE Equatorial não concedeu previsão de normalidade no fornecimento de energia elétrica na região. A empresa informou que desde a madrugada as equipes da concessionária estariam trabalhando na contingência para recompor linhas, realizar manutenções e obras necessárias para restabelecer o fornecimento de energia o mais breve possível a todos os clientes.

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